segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Tráfico de mulheres


De tempos em tempos assistimos em noticiários reportagens sobre o aliciamento de crianças, adolescentes e, principalmente, mulheres. As últimas são iludidas com promessas de emprego e melhoria de vida em outro país. No entanto, são vítimas de tráfico humano e são obrigadas a trabalharem para o aliciador em troca de comida, abrigo, suas vidas, têm seus passaportes apreendidos. Sem dinheiro para retornar ao país de origem se tornam escravas e muitas não sobrevivem por muito tempo. Regressar ao lar é uma esperança remota para essas mulheres.
A questão é que temos acesso a esses fatos através da mídia uma vez a cada cinco meses, ou mais. Infelizmente, esse crime acontece com uma freqüência maior que a imaginada.

DENUNCIE! Se desconfiar de algo semelhante ao seu redor, não hesite.
O Ministério da Justiça oferece três serviços telefônicos para denúncias de prostituição internacional. Os números 180 e 100 são do disque-denúncia. E o contato com a Coordenadoria de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, pode ser feito pelo telefone (61) 2025-3038. Por questão de segurança, não há necessidade de se identificar.

Confira essa reportagem que extraí de um jornal sobre tráfico de mulheres. Reeditei e publiquei os parágrafos mais marcantes.

Oito brasileiras foram assassinadas este ano vítimas da exploração sexual no exterior. Aliciadores de 10 países atuam no território nacional. Investigação da Polícia Civil brasiliense mostrou o tamanho do esquema no Brasil. Ficou comprovado que o homicídio da ex-prostituta Letícia Mourão, 31 anos, em março deste ano, ocorreu a mando de uma organização criminosa dona de seis prostíbulos na Espanha.
As organizações criminosas especializadas em tráfico de seres humanos mataram pelo menos oito brasileiras em 2009. Houve seis assassinatos na Espanha e um nos Estados Unidos. As vítimas são mulheres que deixaram o país para tentar a vida por meio da prostituição. O crime mais surpreendente, no entanto, ocorreu em território brasileiro, especificamente na capital do país. A morte de uma goiana no Guará revelou que as máfias europeias vinculadas à prostituição internacional não temem a segurança nacional. E dão ordens para aliciadores tirarem a vida daqueles que as ameaçam. Investigação da Polícia Civil brasiliense mostrou o tamanho do esquema no Brasil. Ficou comprovado que o homicídio da ex-prostituta Letícia Mourão, 31 anos, em março deste ano, ocorreu a mando de uma organização criminosa dona de seis prostíbulos na Espanha. Órgãos federais e estaduais também têm informações de que aliciadores de outros 10 países — Portugal, França, Suíça, Irlanda, Holanda, Bélgica, Reino Unido, Israel e Estados Unidos — têm influência dentro das fronteiras brasileiras. Movimentam dinheiro, convencem novas vítimas e matam, se preciso. Goiás aparece como o estado que mais exporta brasileiros. Há 250 mil goianos no exterior. Boa parte vive da prostituição. Alguns voltam ao país como recrutadores. “Esses grupos criminosos são organizados e estruturados. Enviam pessoas principalmente para Espanha e Portugal, pela facilidade da língua, e para a Suíça. Depois, vêm de fora para dentro”, explicou o procurador da República Daniel de Resende Salgado, do Ministério Público Federal de Goiás. O órgão se dedica ao combate à prostituição internacional desde 2004. Atuou na condenação de 20 pessoas por exploração sexual no exterior.

O alvo

A maioria das mulheres atraídas pelas máfias estrangeiras é goiana. Organizações criminosas internacionais enviam aliciadores ao Brasil para convencê-las a viver da prostituição na Europa.


Veja o perfil delas:
  • Têm entre 18 e 26 anos;

  • O grau de instrução não passa do ensino fundamental;

  • Não têm condições de arcar com pacotes de turismo sequer para um local no interior do país. Por isso, desembarcam endividadas na Europa;

  • São de famílias de baixa renda, residentes na periferia;

  • A maior parte é de cidades do interior de Goiás;

  • Boa parte se encontra desempregada antes da partida para o exterior;

  • A maioria tem um ou dois filhos, geralmente de pais diferentes;

  • Tiveram relacionamentos frustrados;
  • A maioria das futuras garotas de programa são convencidas por aliciadores instalados no Brasil e embarcam com a esperança de vencer na vida. Ao chegar, porém, deparam-se com condições próximas à escravidão. Elas têm o passaporte confiscado pelas organizações criminosas e muitas acabam obrigadas a atender de 10 a 12 clientes por noite ;

  • A maior parte tem menos de 30 anos. Algumas são exploradas inclusive pela máfia russa.
Em regime de escravidão

Regras impostas pelas organizações que exploram a prostituição incluem jornada de até 22 horas de trabalho e multas pesadas:

Jornada que em alguns casos chegam a 22 horas. Pagamento de 40 euros (cerca de R$ 120) por programa de 30 minutos —metade para a mulher, metade para o dono do prostíbulo. No máximo 45 minutos para descanso e alimentação em toda a labuta diária. E, por fim, multas em caso de atraso, cochilo ou rejeição de parceiro sexual. A rotina de trabalho de uma prostituta brasileira na Europa se aproxima da escravidão e lembra o século 19. Funciona de acordo com as ordens de organizações criminosas especializadas em tráfico de seres humanos e exploração sexual, que lucram principalmente com a mão de obra saída do Brasil.
Por Guilherme Goulart - Correio Braziliense


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